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Posted by : Larissa N. domingo, 14 de dezembro de 2014

 
Alex vagueia pelas ruas e, ao som de Beethoven, seu herói romântico, espanca e estupra. A moralidade judaico-cristã não existe para ele. A grande violência do filme vem a seguir: quando Alex, finalmente capturado, é submetido a uma terapia radical destinada a extirpar os seus instintos destrutivos e antissociais. 




O filme Laranja Mecânica levanta questões como: “somos
realmente livres?” ou, “somos responsáveis pelos nossos atos?”. Nietzsche diz que o livre-arbítrio é apenas uma habilidade teológica para punir e julgar. Mas, no filme, foi justamente um religioso que criticou a perda do livre-arbítrio do jovem Alex em troca de não ser mais um malfeitor.
 
Para começar, ele é ilusório: a natureza humana é insondável, e a violência que existe nos homens fará sempre parte da sua imperfeita condição. Podemos disfarçar, ou reprimir, essa violência. Ela não ficará adormecida por muito tempo.

Mas, mesmo que esse programa fosse possível e eficaz, existe uma segunda limitação: ele acabaria por destruir o sentido moral mais básico das sociedades humanas onde vivemos. O que define um agente moral, pergunta Burgess? A resposta é clássica: o seu livre-arbítrio. Noções de "culpa" ou "responsabilidade" só existem porque existe a ideia prévia de que não somos marionetes. Somos agentes autônomos, responsáveis pelos nossos atos. É por esses atos que devemos ser julgados. Depois da "reeducação", Alex pode sorrir, falar, caminhar. Ele parece um ser humano.


Mas nós sabemos que ele não é mais um ser humano. E não é porque aquilo que nos define -a possibilidade de escolhermos, e mesmo de escolhermos erradamente- foi amputado no laboratório. Alex é essa marionete. Um mero cachorro amestrado. 

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